dúvidas

1 - resolvendo a questão proposta pelo excelente aluno Pedro, 8.ª C, a Groenlândia é uma ilha que faz parte da América mas pertence à Dinamarca.
2 - retificando a questão proposta pela excelente aluna Joyce, 8.ª B- realmente, as fezes do morcego também são chamadas de guano - eu errei!!!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

8º Ano - América do Norte - 08/08/2011 a 12/08/2011


Um herói do Velho Oeste
Por Alex Miyoshi

Touro Sentado (cerca de 1831-1891), líder da tribo lakota
Reprodução
Touro Sentado, um dos principais líderes indígenas das Américas, é tema de biografia lançada nos EUA
O Velho Oeste é uma poderosa invenção. Tão poderosa, que às vezes esquecemos do seu lado histórico, de nomes como Cavalo Louco, Búfalo Bill e General Custer.
Enxergá-los como os homens que foram –para além dos mitos que são– torna-se um desafio, pois muitas de suas biografias mais nublam o que é nebuloso, criando conjecturas tão míticas quanto os próprios biografados.
Não é o caso, felizmente, de “Sitting Bull” , de cujas páginas emergem não o grande líder da tribo lakota, Touro Sentado, como também Búfalo Bill, General Custer, Cavalo Louco, as planícies norte-americanas, manadas de búfalos em extinção e algumas das conjecturas míticas às quais nos referimos.
Escrita de forma clara, rica e direta por Bill Yenne, especialista em história bélica dos EUA, a biografia abrange desde o nascimento de Touro Sentado, em 1831, até o ano de 2007, mantendo constantes o cuidado e a atenção –uma raridade em se tratando de um recorte que chega até aos nossos dias.
Outra qualidade rara é a forma como aparece delineado o choque de culturas entre ameríndios e euro-americanos. O olhar direto às personagens, colocados um pouco de lado os estereótipos, é também um modo de entender os confrontos ainda existentes. E se em outra obra igualmente exemplar Bill Yenne oferece um panorama mais amplo (“Indian Wars - The Campaign for the American West”, Westholme, 2006), em “Sitting Bull” a disputa pela terra, motor de inúmeras guerras, pode ser vista de um ângulo menos comum. A biografia mostra os conflitos internos aos grupos e indivíduos, dentre os quais poucos nomes têm o poder de ancoragem de um Touro Sentado.
Dos demais atributos de Touro Sentado, sobressaem no livro o carisma, a inteligência e a ponderação. Aos 28 anos, com quase 1m80 de altura, Touro Sentado viu o pai ser morto por um rival da tribo crow; Touro Sentado matou o rival, enquanto os outros crows fugiram, deixando três mulheres e um bebê para trás. Estes foram cercados pelos lakotas, mas Touro Sentado não permitiu que fossem mortos. O episódioentre tantos outros narrados por Bill Yenne– levou-o à liderança inconteste de sua tribo. Do respeito conquistado entre os lakotas à fama internacional, Yenne articula a história do líder com os acontecimentos que a cercam.
O pano de fundo contribuiu decisivamente à construção do mito. Enquanto o líder crescia, desenvolveu-se nos EUA um sentimento difuso em relação aos indígenas; do medo no século 18 ao fascínio no século 19. No Leste, onde o conflito entre brancos e indígenas havia esfriado, a passagem do medo para o fascínio se deu antes que no Oeste. Desse modo, Touro Sentado usufruiu de um ambientebrancomais aberto ao seu povo –e também mais interessado no exotismo de seus co-habitantes.
Muitas tribos do Oestedentre as quais os lakotas– permaneceram intactas à civilização até a década de 1870. Foi nesse período que correram os rumores (verdadeiros) de que havia ouro nas Colinas Negras, solo sagrado das planícies, e que o governo se ofereceu para comprá-las. A oferta foi considerada uma ofensa e recusada pelos indígenas.
Touro Sentado era apenas um nome do qual se sabia tão pouco que um general do Exército perguntou se seria um homem ou uma alegoria à resistência indígena. Por outro lado, o herói da Guerra Civil, George Armstrong Custer, todos conheciam: era o modelo do combatente ao indígena. Custer foi escolhido para comandar a 7ª cavalaria na tomada das Colinas Negras. Esboçou-se assim o conflito mais lendário do Oeste, a Batalha de Little Bighorn, que terminou com a morte de Custer e de todos os seus comandados.
A Batalha de Little Bighorn ganhou ares épicos. A “Termópilas das planícies”, como os jornais a chamaram, opôs Leônidas-Custer a Xerxes-Touro Sentado, transformando o general em mártir. Depois disso, restava aos lakotas a fuga ou a rendição. Rumaram para o Canadá, onde se refugiaram por mais de dois anos. Retornaram aos EUA após muitas negociações, para escapar do frio e da fome, no momento em que a ferida de Little Bighorn cicatrizava e ao mesmo tempo em que a opinião pública tornava-se mais favorável aos indígenas.
Um novo sentimento surgia –a empatia aos nativos–, contudo na forma de paternalismo: a “cultura destituída” dos primitivos deveria assimilar a cultura dos brancos, caminhando inexoravelmente à prosperidade. Não apenas defendia-se o extermínio dos búfalosépoca quase extintos), obrigando tribos caçadoras a dedicarem-se à agricultura, como também que as crianças indígenas fossem separadas de suas famílias e levadas a escolas, onde não raro apanhavam porinsistirem falar na língua nativa. Muitos indígenas aceitaram essas condições, mas Touro Sentado não era um deles. Não tardou para que sua atitudeencrenqueira” fosse entendida como umobstáculo à civilização”.
O governo tentou estimular a adaptação de Touro Sentado, levando-o a conhecer as “coisas dos brancos”. Esperava-se que o seu interesse influenciasse o seu povo. O líder lakota ficou maravilhado com a luz elétrica, as fábricas e o corpo de bombeiros. Mas ele apenas se surpreendeu com as novidades; sua vida era outra. Das novidades, porém, uma o cativou de modo especial: o show business. Renovaram-se as esperanças de converter Touro Sentado, transformando-o em "showman", mostrando aos brancos do Leste como viviam os índios selvagens. Touro Sentado aceitou a proposta e, embora não tenha sido o primeiro indígena a se apresentar em um espetáculo, sua adesão enquanto celebridade acabou incentivando outros indígenas a fazerem o mesmo.
Touro Sentado chegou a participar do “Buffalo Bill Wild West”, o espetáculo mais célebre do gênero. Búfalo Bill era um dos nomes mais famosos de sua época (para alguns, o primeiro superstar do planeta), levando o show a cidades dos EUA, do Canadá e da Europa. A encenação de suas “autênticas” vidas acabou sendo um dos principais agentes difusores dos próprios mitosfato que Bill Yenne não ressalta, talvez por sua imersão na cultura norte-americana do "entertainment" (diferente da brasileira, cujos indígenas e sertanejos jamais encontraram semelhante popularidade no exterior). Yenne parece conferir maior importância aos jornais na divulgação da celebridade de Touro Sentado, o que pode ser verdadeiro nos EUA; mas é o show business que abre as portas ao mito de Touro Sentado –ainda em vidaem sua carreira internacional.
Touro Sentado não prosseguiu como "entertainer". Retornou ao verdadeiro “wild west”, à dura condição de sobrevivência dos indígenas que, somada ao milenarismo do fim de século, resultou numa seita, espalhando-se pelas planícies. Conhecida como Dança Fantasma1, uma de suas versões anunciava a volta do paraíso e das manadas de búfalos por meio do extermínio dos brancos. Seu ritual (a dança propriamente dita) teria o poder de vestir os adeptos com uma roupa à prova de balas.
Embora Touro Sentado em nenhum momento tenha demonstrado ligação com a Dança Fantasma –permanecendo, pelo contrário, indiferente a ela–, muitos acreditavam que ele fosse o seu líder e que a sua morte seria o ponto final da seita.
Acredita-se ainda hoje que a morte de Touro Sentado foi encomendada por agentes do governo, temendo o crescimento da Dança Fantasma e a subseqüente rebelião em massa dos indígenas. O "Bismarck Tribune" de 11 de dezembro de 2006 emprega o termoassassinato” (isto é, homicídio premeditado) para o que ocorreu em 15 de dezembro de 1890, o dia da morte de Touro Sentado.
É a mesma idéia divulgada há mais de cem anos no "San Francisco Examiner", de 16 de dezembro de 1890: “Que as autoridades governamentais, civis ou militares, do presidente Harrison e do general Miles às patentes mais baixas, preferissem a morte do velho e famoso selvagem à sua captura, poucos daqui, índios ou brancos, têm dúvidas. (...) Tinha de ser. (...) Sentiu-se que a presença de Touro Sentado atrás das grades, onde quer que fosse, seria a causa de infindáveis problemas, e que se ele caísse vítima de uma Winchester os milhares de loucos, messiânicos dançarinos fantasmas, compreenderiam rudemente que seu curandeirismo à prova de balas [de Touro Sentado], incapaz de salvar tão grande oráculo, seria inútil afinal, e deveria ser abandonado para o caminho da paz”.
Sobre isso, Bill Yenne conclui objetivamente quenunca saberemos”. A conclusão, porém, não surge sem a análise de hipóteses, sem o olhar aos detalhes dos relacionamentos e sentimentos individuais. Se a morte do líder é dificilmente explicável, Yenne não deixa de apresentar seus antecedentes e desdobramentos. Tampouco deixa de entender que ela resulta, afinal, de um ato tenso no momento da prisão de Touro Sentado, decorrência dos nervos à flor da pele, como em muitas escaramuças nas quais um único tiro desencadeia encarniçados bangue-bangues. Seria algo semelhante ao que ocorreu, anos antes, com a morte de Cavalo Louco –e apenas duas semanas depois da morte de Touro Sentado no massacre de Wounded Knee, eventoainda hoje debatido como um exemplo de crueldade gratuita contra exaustos membros de uma exausta cultura”.
Logo após a morte de Touro Sentado um outro lakota ganhou fama: Red Tomahawk (Machadinha Vermelha), o indígena que, na tentativa de prisão do “inimigo da civilização”, alvejou Touro Sentado na cabeça. Em 1923, como homenagem a Red Tomahawk, o desenho de sua silhueta tornou-se símbolo do estado de Dakota do Norte.
Para honrá-lo ainda mais, a polícia do Estado estampou o mesmo perfil nas portas de carros-patrulha e em mais de oito mil placas ao longo das estradas, transformando Red Tomahawk em seu emblema. O site da “North Dakota Highway Patrolassim o descreve: “Serviu como um policial do governo, auxiliando a criar ordem num tempo de turbulência. Foi considerado um campeão do seu povo, um americano nobre e um homem justo”.
A efígie de Red Tomahawk permanece viva no século 21 –até mesmo no Brasil, onde foi transformada em logomarca de uma empresa de fogos de artifício com o nome de um famoso colonizador português do século 16, ancestral modelar à conversão dos gentios. Eis um modo inusitado de repercussão de um mito estrangeiro em confluência com um dos mais poderosos mitos brasileiros.

Publicado
em 12/10/2008

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: VALOR 2 PONTOS 
1 – Qual fator levou Touro Sentado à liderança de sua tribo?   2 – Quem foi Custer?
3 – O que foi Little Bighorn?                4- Quem são os verdadeiros donos da América?

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