18.05.2011 - Jornal de Notícias
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, enalteceu "a solidez económica" da zona euro, esta terça-feira, salientando que os três países mais afectados pela crise da dívida soberana "representam apenas 6% do PIB" do grupo. "Todos os países da União Europeia estão a reduzir os défices públicos. Os mais vulneráveis estão a tomar medidas firmes para sair da crise", disse Van Rompuy na Escola Central do Partido Comunista Chinês (PCC), em Pequim, onde são formados os quadros dirigentes da China. Ao mencionar a Grécia, Irlanda e Portugal, o presidente do Conselho Europeu indicou que os três países "gozam de uma desproporcionada atenção na imprensa internacional", uma vez que, "representam apenas 6% no Produto Interno Bruto da zona euro". Van Rompuy referiu que Grécia e Irlanda "recebem assistência financeira com um pacote muito rigoroso de medidas a tomar" e que "foi também alcançado um acordo sobre Portugal". Na segunda-feira, os ministros das Finanças da Zona Euro e da União Europeia aprovaram por unanimidade o resgate a Portugal, um pacote financeiro de 78 mil milhões de euros para três anos, considerando que o programa negociado com Lisboa é "ambicioso". O presidente do Conselho Europeu salientou a "força e resistência da União Europeia", realçando que "ninguém tinha previsto o chamado risco de contágio" da crise grega, que "colocou em risco o conjunto da zona euro". "Não deixámos cair o euro (...) As nossas bases económicas continuam sólidas", afirmou. O presidente do Conselho Europeu encontra-se desde domingo na China, na sua primeira viagem oficial fora da Europa desde que assumiu aquele cargo, em Novembro de 2009. Van Rompuy disse que para a Europa e a zona euro, constituída por 17 dos 27 países da União Europeia, "o grau de interdependência interna da UE foi a mais importante descoberta do ano passado", que "obrigou a repensar a União Económica e Monetária". "Vamos fazer tudo para assegurar que seremos capazes de evitar que volte a acontecer uma crise igual", disse. O Presidente do Conselho Europeu indicou que a economia da UE deverá crescer 1,8% este ano (1,6% na zona euro) e d2% em 2012. "Comparados com o índice de crescimento da China, este números podem parecer modestos, mas tendo em conta que ocorrem em economias maduras, com um elevado nível de vida e um desenvolvido sistema de protecção social, não é nada mau", comentou Van Rompuy. Nas últimas três décadas, a economia chinesa cresceu em média 10% ao ano, tornando-se em 2010 a segunda maior do mundo, à frente do Japão. A UE é o maior parceiro comercial da China e este país é o maior mercado dos "27", a seguir aos Estados Unidos.
União Europeia demonstra má vontade para ajudar Portugal na crise
O FMI e a União Europeia vão emprestar ao país 78 bilhões de euros, o equivalente a R$ 180 bilhões. Para equilibrar as contas públicas, os portugueses vão enfrentar dois anos de recessão.
Portugal vive, atualmente, uma crise financeira gravíssima. Ela já se refletiu em índices altos de desemprego que devem aumentar ainda mais.
Os portugueses aguardam um pacote de ajuda econômica que precisa ser aprovado pelos 27 países da União Europeia. O problema é que alguns já demonstraram má vontade, como conta o correspondente Pedro Bassan.
Portugal já navega na crise desde 2001, no que os economistas chamam de "a década perdida". A crise financeira internacional de 2008 encontrou um país que crescia pouco e se endividava cada vez mais. Em 2010, Portugal cresceu apenas 0,91%, bem menos do que o Brasil e a média mundial. A dívida pública portuguesa, que é o dinheiro que o governo precisa pegar emprestado para conseguir pagar suas contas, chegou a 93% de tudo que o país produz.
“Nós perdemos o ano de2010 e nós sabíamos o que estava acontecendo, nós sabíamos o que tinha que ser feito. Eu acho que nos atrasamos muito a pedir o apoio”, declarou o economista João Cantiga Esteves.
O FMI e a União Europeia vão emprestar a Portugal 78 bilhões de euros, o equivalente a R$ 180 bilhões. Mas o dinheiro chega acompanhado de péssimas notícias. Para equilibrar as contas públicas, os portugueses vão enfrentar dois anos de recessão.
O aumento médio dos impostos vai ser de 305 euros, o equivalente a cerca de R$ 700 para cada morador do país. A taxa de desemprego deve subir dos atuais 11,1% para mais de 13%. E a economia deve encolher 2% ao ano até 2012.
Previsões que já estão se realizando no bolso dos 150 mil brasileiros que vivem por lá. “Se a gente continuar nessa situação assim, está indo muito brasileiro embora, acredito que muitos mais brasileiros vão continuar indo”, disse um homem.
“Uma coisa era você trabalhar aqui e conseguir um dinheiro para conseguir sustentar alguém no Brasil, ajudar alguém lá no Brasil. Agora você mal consegue se sustentar aqui”, destacou outro jovem.
E mesmo a ajuda dos outros países da Europa que já foi anunciada corre o risco de não chegar. O ministro das finanças britânico disse que se assinar o cheque, vai ser resmungando muito. E o Parlamento da Finlândia ameaça vetar o empréstimo, que só sai se todos os países do euro concordarem.
Para convencer os finlandeses, a prefeitura de Cascais, nos arredores de Lisboa, fez um vídeo que virou sucesso na internet. O vídeo lembra que, 71 anos atrás, Portugal doou toneladas de roupas e alimentos para um país pobre que passava fome durante a guerra. E esse país era a Finlândia.
Narrado em inglês e tratando a crise com muito bom humor, o vídeo descreve as contribuições de Portugal para o bem da humanidade, desde os doces e o bacalhau, passando pelo treinador José Mourinho, até os descobrimentos pelos mares do mundo.
Em um dos trechos, os portugueses apresentam um argumento indiscutível. Eles dizem: “Nós dividimos o mundo em dois com a Espanha e ficamos com a melhor parte”.