PRECESSÃO DO EIXO DA TERRA
Além da rotação e da translação, um outro efeito das forças diferenciais do Sol e da Lua na Terra, além das marés, é o movimento de precessão da Terra. É como se fosse aquele movimento final do peão, balançando lateralmente.
O que causa a precessão?
A Terra não é perfeitamente esférica, mas sim achatada nos pólos e bojuda no equador. Seu diâmetro equatorial é cerca de 40 km maior do que o diâmetro polar. Além disso, o plano do equador terrestre e, portanto, o plano do bojo equatorial, está inclinado 23° 26' 21,418" em relação ao plano da eclíptica, que por sua vez está inclinado 5° 8' em relação ao plano da órbita da Lua.
Por causa disso, as forças diferenciais (que ficam mais importantes nos dois bojos da Terra) tendem não apenas a achatá-la ainda mais, mas também tendem a "endireitar" o seu eixo, alinhando-o com o eixo da eclíptica.
Como a Terra está girando, o eixo da Terra não se alinha com o eixo da eclíptica, mas precessiona em torno dele, da mesma forma que um pião posto a girar precessiona em torno do eixo vertical ao solo.
Apesar de o movimento de precessão ser tão lento (apenas 50,290966'' por ano), ele foi percebido já pelo astrônomo grego Hiparco, no ano 129 a.C., ao comparar suas observações da posição da estrela Spica (α Virginis) com observações feitas por Timocharis de Alexandria (c.320-c.260 a.C.) em 273 a.C. Timocharis tinha medido que Spica estava a 172° do ponto vernal, mas Hiparco media somente 174°. Ele concluiu que o ponto vernal havia se movido 2 graus em 144 anos.
O movimento de precessão da Terra é conhecido como precessão dos equinócios, porque, devido a ele, os equinócios (ponto vernal e ponto outonal) se deslocam ao longo da eclíptica no sentido de ir ao encontro do Sol (retrógrado em relação ao movimento da Terra em torno do Sol) 50,29"/ano.
Por causa disso, o ano tropical, que é medido em relação aos equinócios, é 20 min mais curto do que o ano sideral, medido em relação às estrelas.
A precessão não tem nenhum efeito importante sobre as estações, uma vez que o eixo da Terra mantém sua inclinação de 23,5 em relação ao eixo da eclíptica enquanto precessiona em torno dele.
MUDANÇAS NO EIXO DA TERRA DESERTIFICARAM A ÁFRICA
Um grupo de cientistas do Instituto de Pesquisa do Impacto Climático, da Alemanha, concluiu que uma das mais impressionantes mudanças no clima da Terra começou há 11 mil anos e foi responsável pela
desertificação do norte da África.
As alterações foram desencadeadas pela mudança na inclinação do eixo do nosso planeta e teriam levado à destruição de antigas civilizações e de seus sistemas econômicos. O coordenador da pesquisa, Martin Clausen, afirma que o processo que levou a transformação em deserto das regiões do Saara e da Arábia começou há 9 mil e se intensificou há 5,4 mil anos.
Há 9 mil anos, em meados do Holoceno, a inclinação da Terra era de 24,14 graus e o periélio, o ponto da órbita do planeta mais próximo do Sol, ocorria no fim de julho. Para ter-se uma idéia da mudança, hoje a inclinação é de 23,45 graus e o periélio ocorre no começo de janeiro. Com a inclinação de 24,14 graus no eixo, o Hemisfério Norte da Terra recebia mais luz solar no verão, o que prolongava a monção de verão na África e na Índia.
Mas, enquanto as mudanças na inclinação do eixo e na órbita da Terra ocorreram gradualmente, a evolução do clima e a transformação da cobertura vegetal no norte da África foram bruscas. Antes da mudança do clima, o Saara era coberto pôr gramíneas e arbustos anuais, conforme exame de amostras de pólen fossilizado encontradas na região.
De acordo com os pesquisadores, a perda do Saara para as atividades agrícolas talvez seja um dos motivos do surgimento de civilizações ao longo dos vales dos Rios Nilo, Tigre e Eufrates. A transição para o atual clima árido foi sutil até o período que vai de 6,7 mil a 5,5 mil anos atrás, quando foi registrado um forte aumento da temperatura no verão e redução das chuvas, conforme análises feitas com o uso do carbono-14.
Claussen e seus colegas acreditam que vários mecanismos de influências dentro do sistema climático aumentaram e modificaram os efeitos provocados pelas mudanças na órbita da Terra. Criando modelos
de impacto do clima, oceanos e vegetação separadamente em várias combinações, os pesquisadores concluíram que os oceanos tiveram influência até pequena na transformação do clima no norte da África.
Os modelos usados pelos cientistas para avaliar as transformações mostraram que as influências dentro dos sistemas climático e vegetal foram a grande causa da desertificação do Saara, potencializando os
efeitos das mudanças iniciais da órbita do planeta. O modo como os habitantes do Saara usavam a terra e cultivavam a região não é apontado como causa importante para a desertificação. São necessárias
mais análises para verificar com maior precisão os efeitos específicos das influências da latitude e dos mares na comparação com os estímulos da biosfera sobre o momento em que as mudanças ocorreram. A pesquisa feita por Claussen e seus companheiros foi publicada na adição de agosto da Geophysical Research Letters.
(Estado de São Paulo Ed de 10/07/99)
Um grupo de cientistas do Instituto de Pesquisa do Impacto Climático, da Alemanha, concluiu que uma das mais impressionantes mudanças no clima da Terra começou há 11 mil anos e foi responsável pela
desertificação do norte da África.
As alterações foram desencadeadas pela mudança na inclinação do eixo do nosso planeta e teriam levado à destruição de antigas civilizações e de seus sistemas econômicos. O coordenador da pesquisa, Martin Clausen, afirma que o processo que levou a transformação em deserto das regiões do Saara e da Arábia começou há 9 mil e se intensificou há 5,4 mil anos.
Há 9 mil anos, em meados do Holoceno, a inclinação da Terra era de 24,14 graus e o periélio, o ponto da órbita do planeta mais próximo do Sol, ocorria no fim de julho. Para ter-se uma idéia da mudança, hoje a inclinação é de 23,45 graus e o periélio ocorre no começo de janeiro. Com a inclinação de 24,14 graus no eixo, o Hemisfério Norte da Terra recebia mais luz solar no verão, o que prolongava a monção de verão na África e na Índia.
Mas, enquanto as mudanças na inclinação do eixo e na órbita da Terra ocorreram gradualmente, a evolução do clima e a transformação da cobertura vegetal no norte da África foram bruscas. Antes da mudança do clima, o Saara era coberto pôr gramíneas e arbustos anuais, conforme exame de amostras de pólen fossilizado encontradas na região.
De acordo com os pesquisadores, a perda do Saara para as atividades agrícolas talvez seja um dos motivos do surgimento de civilizações ao longo dos vales dos Rios Nilo, Tigre e Eufrates. A transição para o atual clima árido foi sutil até o período que vai de 6,7 mil a 5,5 mil anos atrás, quando foi registrado um forte aumento da temperatura no verão e redução das chuvas, conforme análises feitas com o uso do carbono-14.
Claussen e seus colegas acreditam que vários mecanismos de influências dentro do sistema climático aumentaram e modificaram os efeitos provocados pelas mudanças na órbita da Terra. Criando modelos
de impacto do clima, oceanos e vegetação separadamente em várias combinações, os pesquisadores concluíram que os oceanos tiveram influência até pequena na transformação do clima no norte da África.
Os modelos usados pelos cientistas para avaliar as transformações mostraram que as influências dentro dos sistemas climático e vegetal foram a grande causa da desertificação do Saara, potencializando os
efeitos das mudanças iniciais da órbita do planeta. O modo como os habitantes do Saara usavam a terra e cultivavam a região não é apontado como causa importante para a desertificação. São necessárias
mais análises para verificar com maior precisão os efeitos específicos das influências da latitude e dos mares na comparação com os estímulos da biosfera sobre o momento em que as mudanças ocorreram. A pesquisa feita por Claussen e seus companheiros foi publicada na adição de agosto da Geophysical Research Letters.
(Estado de São Paulo Ed de 10/07/99)
arte rupestre do Saara demonstra que sua fauna era riquíssima há 10 mil anos atrás
Segundo várias profecias maias, astecas, chinesas, européias, africanas em 2012 um planeta se aproximará da Terra fazendo com que o eixo inclinado da Terra se altere devido a esse fenômeno. Lembramos que uma mudança de poucos graus no eixo de rotação terrestre causou, há cerca de 10 mil anos, uma grande transformação climática gerando o deserto do Saara, que antes disso possuía uma rica vegetação. Essas superstições não são explicadas pela ciência, ao final iremos constatar que tudo não passou de alarme falso.
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