País que deve nascer amanhã, Sudão do Sul terá infraestrutura caótica e será o país mais pobre do mundo
milícias armadas apoiadas por muçulmanos do norte atacam os povos pagãos do sul, estupram as mulheres, matam as crianças com o apoio do governo local, que se consideram árabes muçulmanos diferentes dos negros do sul
O Sudão do Sul, país que, segundo todas as previsões, deve nascer amanhã após um referendo, será um dos mais pobres do mundo e com infraestrutura praticamente inexistente.
À noite, nas ruas de Juba --capital da região--, os geradores são a diferença entre a luz e a escuridão. Por toda parte, velas iluminam as empoeiradas mesas de plástico dos comércios da cidade.
Enquanto isso, o cheiro de comida que sai dos casebres de lata se mistura ao odor de excremento e putrefação que toma conta das suas ruas.
O atual Sudão, o maior país africano em breve será dividido entre sul e norte
Esta imagem se repete por todas as partes e, sem dúvida, "Juba é o que há de mais desenvolvido no sul do Sudão", como afirma um membro da ONU.
Mais de 40 anos de guerra civil entre o exército sudanês e o local SPLA (Exército de Libertação do Povo Sudanês) deixou 2 milhões de mortos e outros tantos desabrigados.
Do tamanho de Minas Gerais e com 8,5 milhões de habitantes, o sul negro e cristão se sente colonizado pelo norte árabe. O Sudão, maior país da África, deve perder 25% de sua área.
Hoje, cinco anos após o acordo que pavimentou o caminho para o voto, 85% da população do sul ainda vive abaixo da linha de pobreza e mais da metade depende de assistência alimentícia.
população do Sudão do Sul que em breve estarão unidos num país autônomo
De acordo com a organização Médicos Sem Fronteiras, 1 em cada 4 sudaneses do sul tem alguma assistência de caráter médico.
E 1 em cada 7 grávidas morre por problemas relacionados à gestação. "Por mais que a guerra tenha terminado, a situação não melhorou", afirma um membro do MSF.
INFRAESTRUTURA
Nesta região, onde 92% das mulheres não sabem ler nem escrever, também não há eletricidade.
O fornecimento de água é administrado por empresas privadas, por meio de caminhões tanque, que percorrem a cidade enchendo reservatórios particulares.
Sem dúvida, mais da metade da população não tem acesso à água potável.
A mobilidade é outra das carências do sul do Sudão. Fora de Juba --que conta com meia dúzia de ruas pavimentadas-- não há mais que estradas de terra, o que dificulta o trabalho das ONGs que atendem os povoados.
A aproximação do referendo e o sonho de um país próprio criaram um novo problema. Nos últimos meses começaram a retornar muitos dos refugiados que deixaram o país durante a guerra --muitos outros seguirão chegando depois de uma eventual independência.
O aumento da população pode acabar sobrepujando a já frágil situação da região, que terá que se construir a partir do zero.
A única fonte de receita é o petróleo, e por isso teme-se que o norte não respeite o resultado, caso a opção seja
mesmo pela independência. Situado no leste africano. É banhado pelo Mar Vermelho, com fronteiras ao norte
pelo Egito, a leste pela Etiópia, ao sul pelo Quênia, Uganda e República, Democrática do Congo e a oeste pela
República Centro-Africana, Chade e Líbia, é o maior país da África.
HISTÓRIA DO SUDÃO
Seu nome provém da expressão árabe Bilad-al-Suden, que significa "o país dos negros Desde 3000 a.C.
já recebia influência egípcia, conhecido na antiguidade como Núbia, no século VIII a.C, se constituíam em reino
independente, primeiramente com capital em Napata, e posteriormente em Meroé. Entre 730 e 660 a.C., seu
rei conquistou o Egito, fundando ali a XXV dinastia que foi conhecida como a etíope. O antigo reino núbio foi
sucedido por outros três, que se localizaram um ao norte, outro ao centro e outro ao sul. Todos eles foram
cristianizados no século VI d.C, sendo vinculados à igreja do patriarca copta de Alexandria No século VII,
com a chegada dos árabes ao Egito, os reinos cristãos da Núbia ficaram isolados, até que a expansão islâmica
os alcançou. O sul escapou ao
controle muçulmano mas sofreu com sucessivas incursões de caçadores de escravos.
O estado núbio se extinguiu em 1300, embora o reino do sul, denominado de Alodia tenha sobrevivido até o século
XV, quando todo o atual Sudão virou islamita A partir de 1820, foi conquistado e unificado pelo Egito, então parte
do Império Otomano, e posteriormente pelo Reino Unido. Em 1881 eclodiu uma revolta nacionalista chefiada por
Muhammad Ahmed bin' Abd Allah, líder religioso conhecido como Mahdi, que expulsou os ingleses Ele morreu logo
depois e os britânicos retomaram o Sudão, em 1898. A nação foi submetida ao domínio egípcio-britânico. Obteve
autonomia limitada em 1953 e conquistou sua independência em 1956. Desde então enfrenta uma sangrenta guerra civil.
O conflito entre o governo muçulmano e guerrilheiros não-muçulmanos, baseados no sul do território, revela as realidades
culturais opostas da nação sudanesa. Essa guerra civil que durou mais de 3 décadas só encerrou quando descobriram petróleo
na região, antes disso não havia interesse em fazerem a paz, vidas humanas valem menos que petróleo.
Detalhe: o país tem uma cultura muito antiga, possuindo mais pirâmides até que o próprio Egito
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