dúvidas

1 - resolvendo a questão proposta pelo excelente aluno Pedro, 8.ª C, a Groenlândia é uma ilha que faz parte da América mas pertence à Dinamarca.
2 - retificando a questão proposta pela excelente aluna Joyce, 8.ª B- realmente, as fezes do morcego também são chamadas de guano - eu errei!!!

segunda-feira, 7 de março de 2011

6º Ano - Aula 5 - 13 a 19/3

HISTÓRIAS
E LENDAS DE S. VICENTE


A Biquinha
que antecedeu a Cellula Mater (1)


Junto a ela nasceu o Teatro
no Brasil

Citada
em documentos da época da fundação da vila de São
Vicente, como sendo anterior a 1532, a biquinha existente na área
central da Cidade é provavelmente a mais antiga do Brasil. Sua história
e as transformações por que passou foram abordadas na Poliantéia
Vicentina
, editada em 1982 para comemorar os 450 anos desse município
(pelo pesquisador Fernando Martins Lichti, em publicação
da Editora Caudex Ltda., São Vicente/SP):





O trabalho
de terracota inaugurado em 22/1/1943 e logo destruído por vândalos

Foto: acervo
de Osmar e Enyde Apparecida Domingues Moretti


A Biquinha
de Anchieta


André
Gonçalves e Américo Vespúcio trouxeram em seus navios
um degredado ilustre, Mestre Cosme Fernandes, que, segundo alguns historiadores,
teria sido o famoso bacharel de Cananéia. Após dois
meses de permanência em São Vicente, foram-no deixar em Cananéia.
Cosme Fernandes, que conhecera bem o belo e dadivoso ambiente vicentino,
evidentemente não se satisfez e conformou com o lugar determinado
para seu degredo, e assim, apenas quatro ou cinco anos após, já
aparecia no Porto de São Vicente e no ocidente da Ilha, resolvido
a nova fixação espontânea. E, como era um degredado,
com lugar certo para o cumprimento de pena, reconheceu-se fora da lei e
construiu seu pequeno povoado inicial, atrás da baía de Paranapuã,
cuja barra não dava acesso aos navios de grande calado e, conseqüentemente,
aos navios do rei, indesejáveis para ele.


Cosme Fernandes
chegaria a ser um verdadeiro potentado, senhor de Engenho, de lavouras,
de criações diversas, de um comércio alentado com
as armas e navios itinerantes e um importante tráfico de escravos,
negociado a quatro mil réis por cabeça. A sua São
Vicente, muito citada nos documentos de vinte anos depois, possuía
arsenal, estaleiro de embarcações, uma fortaleza de pedra,
várias casas européias e outras benfeitorias assinaláveis.
São desta primeira fase vicentina, a partir do quinqüênio
1515/1520, repetidas vários anos depois, as primeiras notícias
das águas da Fonte de São Vicente ou do Povoado, que viria
a ser a atual Biquinha ou Biquinha de Anchieta, emoldurada em quatro séculos
e meio de tradição.


O Morro de
Tumiaru (antigo Outeiro de São Vicente, posteriormente conhecido
por Morro Santo Antônio, Morro dos Padres e atualmente Morro dos
Barbosas), junto à Praia Mahuá (hoje Praia de São
Vicente ou da Cidade, que o povo apelidou de Gonzaguinha),
possuía duas nascentes de águas potáveis, capazes
de servir ao grupo social daquele tempo e ao conjunto do povoado de Cosme
Fernandes, em várias necessidades e aplicações.



Uma das fontes
era aquela, indicada como a Fonte do Povoado (Biquinha), ali mesmo, quase
na ponta Leste do morro, próxima da Praia Mahuá; a outra,
já considerada uma cachoeirinha, era a do centro, ou "do campo"
(Fonte dos Padres), origem do riozinho, mais tarde conhecido como Rio do
Sapateiro, onde hoje se encontra o reservatório municipal (do Morro
dos Barbosas). Havia uma terceira fonte, mas do outro lado ou lado Oeste
do morro, no lugar chamado Paquetá, proximidades da atual Ponte
Pênsil
, que servira ao primeiro porto e povoado de Cosme Fernandes
(o Porto Tumiaru).


Todavia, a
única, realmente famosa, seria, apesar de menor que a segunda, a
Fonte do Povoado (Biquinha), por suas características físicas
(geográficas e naturalísticas), por sua beleza ambiente e
pela superioridade de suas águas, que se iam despejar no riozinho
fronteiro, a cem metros da praia (atual Praça 22 de Janeiro) - ambiente
que, mais tarde, seria aproveitado pelos jesuítas, para suas apresentações
artísticas e teatrais ou preleções ao ar livre.


Na nova organização
dada ao povoado anterior, por Martim Afonso de Souza,
com a criação da vila - tornada cabeça ou capital
de toda a Capitania -, a Fonte do Povoado ou da Vila continuou como era,
até que a vinda dos jesuítas, sob a chefia de Manoel da Nóbrega
e Leonardo Nunes - a quem caberia fundar o Colégio dos Meninos de
Jesus de São Vicente, inaugurado a 2 de fevereiro de 1553, oitenta
metros distante da mesma fonte (Biquinha) -, lhe daria uma nova dignidade
utilitária e social. É que, de fato, a Leonardo Nunes, grande
catequista, caberia criar uma primeira bica de serventia pública,
na Fonte tradicional, na mesma ocasião em que mandava fazer a primeira
captação da cachoeirinha do Centro ou do Campo, por meio
de um pequeno aqueduto, para os usos gerais ou maiores da coletividade
jesuítica e vicentina.


Leonardo Nunes
morreria em 1554, em conseqüência de um naufrágio, e
a freqüência ao lugar por Anchieta
começaria a partir de 1555, após um ano de fundação
de São Paulo de Piratininga, quando se hospedou no Colégio
de São Vicente em 1561 e teve os primeiros
contatos
com o povo de São Vicente e da vila de Santos, freqüentando
ao mesmo tempo o litoral de Itanhaém e Peruíbe. Anchieta
só seria realmente padre, com ordens maiores e de missa, em 1556,
sagrado na Bahia. Depois disso, viria para a Capitania de São Vicente,
onde veio a ser superior do Colégio vicentino no período
de 1567/1577.



É quando,
então, se torna célebre a Bica da Fonte da Vila (antiga do
Povoado
), porque Anchieta dá preferência, em suas práticas
e meditações, ao ambiente paradisíaco criado em torno
dela pela natureza. Logo mais, daria aulas de catecismo e primeiras letras
portuguesas, naquele lugar, junto à Biquinha, para que seus meninos,
os catecúmenos e órfãos brancos, sentissem melhor
os seus ensinamentos. Pouco mais tarde, com tempo firme, montava ali também
as suas peças teatrais, os seus conhecidos e famosos autos
assistidos pelo povo e pelas autoridades locais, hoje considerados como
origem e nascimento do Teatro no Brasil.


Durante alguns
anos exerceu-se em São Vicente, junto à Biquinha, o apostolado
de José de Anchieta, atingindo os litorais vizinhos. Foi mesmo nesse
lugar, e nas atividades litorâneas do Apóstolo do Brasil,
que se desenvolveu e fundamentou a sua fama de santidade. E é deses
anos e de sua constante presença que surge a denominação
popular de Biquinha de Anchieta, ainda hoje corrente entre o povo, com
fortes razões como se vê. Reza a tradição que
Anchieta teria construído o primeiro monumento rústico da
Biquinha, que atravessou alguns séculos.




A Biquinha
de Anchieta, em fins do século XIX, ostentava no rústico
paredão a data de 1850

Foto: Poliantéia
Vicentina
, 1982, Ed. Caudex Ltda., S. Vicente/SP


José Antônio Zuffo, que foi proprietário dos terrenos onde está
construída a Vila Santo Antônio, em que Leonardo Nunes fundou
o 1º Colégio jesuíta do qual Anchieta foi reitor, querendo
prestar uma homenagem ao taumaturgo, mandou confeccionar uma placa de bronze
e colocou-a na Biquinha, cuja inauguração deu-se no dia 19
de março de 1933, aniversário de nascimento de Anchieta.
A senhorinha Margarida Zuffo, dileta filha do capitalista, foi quem descerrou
a bandeira nacional que cobria a placa, cujos dizeres perpetuam, de vez,
a estada de Anchieta naquele local.


Em meados do
século passado
(N.E.: século
XIX)
, ainda se encontrava no rústico
e singelo paredão ali construído a data de 1850, o que tudo
faz crer ter sido construído naquela data, várias foram as
transformações recebidas pela histórica fonte, no
tocante ao aspecto de sua fachada. Do velho paredão, sobreveio um
belo painel em mosaico português. Depois, sempre estampado motivo
da milagrosa missão de Anchieta entre os índios, substituíram
o mosaico por um delicado trabalho de terracota em alto-relevo, que foi
inaugurado em 22 de janeiro de 1943, quando São Vicente comemorou
411 anos de fundação. Infelizmente, essa obra durou muito
pouco, porque nesse mesmo ano foi toda depredada pelo vandalismo de irresponsáveis
e inconseqüentes. Então, novo mosaico foi colocado no histórico
recanto vicentino, continuando até agora.


Em verdade,
a Biquinha de Anchieta, com seus belos azulejos, é hoje um verdadeiro
monumento ao Beato José de Anchieta, que serve a milhões
de freqüentadores, todos os anos, e acode também a centenas
de lares e milhares de habitantes, por hábito, por preferência
ou por falta do precioso líquido em suas torneiras, tornando-se,
por uma razão ou por outra, mas principalmente por sua imensa tradição,
o mais legítimo e mais enternecedor dos monumentos públicos
de toda a Baixada Santista.



O trabalho
de terracota estampando a milagrosa missão de Anchieta, em alto-relevo, 

inaugurado
em 22 de janeiro de 1943, mas logo destruído por vândalos

Foto: Poliantéia
Vicentina
, 1982, Ed. Caudex Ltda., S. Vicente/SP


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