dúvidas

1 - resolvendo a questão proposta pelo excelente aluno Pedro, 8.ª C, a Groenlândia é uma ilha que faz parte da América mas pertence à Dinamarca.
2 - retificando a questão proposta pela excelente aluna Joyce, 8.ª B- realmente, as fezes do morcego também são chamadas de guano - eu errei!!!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

6º Ano - Aula 2 - 20 a 26/2


O BATIZADO DA VACA


O lugar era tão bonito, o clima tão bom, as flores tão rosas e as vacas tão bovinas, que o chefe da família achou que valeria a pena comprar ali uma fazenda.
Consultou a família que, de pronto, foi contra. Isto colaborou demais para que o chefe da família entrasse, imediatamente, em conversações com o proprietário de uma, que se queria desfazer da fazenda, por achar que ela estava num lugar que não era essas coisas, o clima era idiota, as flores não fugiam daquela variedade: rosas, rosas, rosas, e as vacas, coitadas, eram simplesmente bovinas — numa total falta de imaginação.
A fazenda ficava num vale e era separada em duas partes por um córrego como o que corre na infância dos escritores. Tinha matas e vacas, rosas e charcos, galinhas e caseiros.
— Uma idiotice, comprar essa fazenda — vaticinou a esposa, numa contrariedade de quem faz doze pontos.
Comprar terra sempre é bom negócio
vibrou o chefe da família, puxando o ar, a encher o peito com um cheiro de estrume que vinha do está-bulo. — Olhe em volta. Até onde a vista alcança, tudo é nosso. Está vendo o abacateiro? É nosso; Aquele caqui-chocolate? É nosso. A carreira de jabuticabeiras? Nossa. O mato, a casa, a cocheira, o estábulo, o caminho, tudo é nosso. Esse céu, que cobre a fazenda, é o único pedaço de céu que é nosso, porque o da cidade é do governo. Aqui, man­damos nós, porque aqui tudo é nosso!
Pra quê? — sintetizou a mulher, numa pergunta de esposa.
Ora — explicou admiravelmente o chefe da família —, para ser nosso. Nossa terra, nosso chão, nosso cantinho, nossas rosas
Um dos trabalhadores da fazenda aproximou-se com uma no­tícia muito importante: a fazenda acabava de crescer de valor pelo nascimento de uma bezerrinha.
— Viu? — comentou, vitorioso, o chefe da família, batendo nas costas da esposa, de modo a fazê-la cuspir a primeira jabuticaba que tentava co­mer. — Nasceu uma vaquinha!
A notícia correu para os demais da família ao mesmo tempo em que, para os pais, corriam os fi­lhos, estes, sim, felizes, ao saber do nascimento da novilha.
— É menino ou menina? — perguntou um menino que, de tão longos cabelos, nem se sabia se era menino ou menina.
Não é assim que se fala, menino — escla­receu o pai. — A pergunta é: bezerra ou bezerro? É uma bezerrinha.
— Vamos ver? Vamos ver? — gritavam os filhos a sugestão lógica das crianças que nunca viram vaca a não ser nos desenhos das latas de leite em .
Foram. A vaca não deixou que se aproximas­sem da cria, que ficou sendo observada a distância pela família encantada e pelo caseiro indiferente e até um pouco irritado por haver uma vaca a mais no seu mundo.
Quem é o pai? — perguntou a moça mais taluda.
Um boi desses — errou o pai.
Um touro! — corrigiu o caseiro, sabedor ele de que o boi é um touro que era; boi é um touro que perdeu os documentos.
Pois é — emendou o pai na mesma vee­mência —, um tourão danado desses. Olha a carinha dela. Os olhinhos ainda estão fechados.
— Vamos batizar! — gritou um menino.
— Boa idéia — concordou o chefe da famí­lia. — Quem vai escolher o nome?
Eu. Eu. Eu. Eu — disseram, um a cada vez, os quatro filhos do casal.
E começou a discussão sobre o nome a ser pos­to na recém-nascida que, indiferente a tudo, mama­va na mãe, provando, assim, que ela (a mãe) não era tão vaca quanto julgavam.
— Aretha Franklin!
— Janis Joplin.
— Jimi Hendrix — sugeriu o mais velho —, porque, até que me provem o contrário, essa vaqui­nha é touro; deixa levantar que vocês vão ver.
— É fêmea, que o caseiro viu — afirmou o pai, voltando-se para o caseiro, na indagação do que afirmara: — O senhor não viu?
— Vi. É fêmea.
E tome de gritar nome: Califórnia, Disneylândia, Erva Maldita, Otorrinolaringologia. . . Havia os nomes sugeridos a sério e os de gozação. Todos
os que citei eram os a sério. Finalmente, o bom sen­so ajudou a solucionar o impasse. Foi a esposa quem sugeriu o nome que lhe pareceu o mais indicado para a novilhazinha que mamava no seio vaquerno: Long Island.
— Desculpe — desculpou-se o caseiro por não entender.
— Long Island — repetiu a mulher com uma naturalidade de quem fala "mococa".
— A senhora podia escrever? — pediu o ca­seiro, confessando-se incapaz de decorar aquilo.
Arranjaram uma pequena tábua onde, com um prego, o chefe da família escreveu: Long Island, tabuazinha que, com o auxílio de um arame, ficou presa no pescoço da novilha para que ninguém, na fazenda, esquecesse que aquela jovem bovina aten­dia pelo nome de Long Island, nome que fica muito bem para parque de diversões, mas que não é dos mais adequados para quem tem cara de Mimosa, Formosa, Maravilha ou Vaquinhamodo, inclu­sive, que melhor ajuda o reconhecimento da peça.
Acabadas as férias, a família voltou à sua po­luição metropolitana e pôde retornar à fazenda dois anos depois.
Tudo continuava como dantes, com exceção de uma ou outra coisinha em pior estado, uma das quais o geral.
Caseiro! — chamou o chefe da família, que não sabia que o caseiro tinha nome: José Caseiro da Silva.
Pronto, doutor — obedeceu o caseiro meia hora depois, com a presteza de um favor bancário.
Como vai a novilha?
— Está uma vaca! — elogiou o caseiro de um modo que soou ofensa aos ouvidos da família.
leite? — perguntou um dos filhos.
— Dá, né? — respondeu o caseiro estranhando a pergunta, pelo fato de saber (ele é acostumado, porque vive ali) que as vacas não dão outra coisa senão leite.
Pois eu quero beber um copo de leite da novilha — ordenou a esposa do chefe, madrinha de batismo da vaquinha.
E o caseiro, sem que a família ouvisse, coman­dou a um seu auxiliar que tirasse um pouco de leite da vaca "Tabuleta".                                                                           Chico Anísio – o batizado da vaca

ANÁLISE DE TEXTO:
1 –  O que você entende como clima?
2 –  Cidade e campo, urbano e rural. São coisas diferentes?
3 – Poluição metropolitana, o que é e como fazer pára evitá-la?
4 – Qual a moral da estória?
5 - O mato, a casa, a cocheira, o estábulo são paisagens vistas em que lugar?

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